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Importância do Clima Escolar para os Professores

Introdução

O presente trabalho procura abordar a importância do estabelecimento de relações baseadas na afectividade e no companherismo dentro da escola e sua influência na vida e na profissão de professores e alunos. Um dos factores fundamentais para o estabelecimento de boas relações no ambiente de trabalho é a motivação. Discutiremos aspectos relevantes das relações interpessoais, procurando destacar a influência da motivação nas relações construídas na sala de aula e dentro da escola. O trabalho tem como tema: a Importância do Clima Escolar para os Professores.

Estabelecer boas relações com os alunos é o primeiro passo para se obter um bom ambiente de trabalho. Para que as aulas sejam produtivas e interessantes para o aluno, ele precisa sentir-se a vontade com o professor, e isso irá facilitar seu envolvimento nas actividades e a construção dos conhecimentos com relação aos conteúdos trabalhados. O professor precisa ter amor pelo que faz e por quem ensina. Saber que seu trabalho é importante, estar sempre reflectindo sobre seu papel como educador e sua influência na vida dos alunos.O trabalho tem como objectivos:

Geral:

·         Conhecer: a Importância do clima escolar para os professores.

Específicos:

·         Caracterizar: A relação professor-aluno;

·         Reconhecer: Relações interpessoais no ambiente escolar;

·         Desenhar um plano para implementação de um clima favorável no seio da comunidade escolar.

O trabalho está estruturado desde a presente introdução que é seguida de conceitos, desenvolvimento das abordagens do tema em destaque, a síntese conclusiva e, por último, as referências bibliográficas dado que o método empregue para a produção desta linha teórica foi de revisão bibliográfica.

 

 

 

1.      Conceitos básicos

1.1.Professor

Ser um bom profissional não significa somente comunicar-se bem e saber conteúdos específicos, é importante também perceber a importância do afecto e da formação de valores para o crescimento pessoal dos indivíduos.

 Segundo GRILLO diz: “A docência envolve o professor em sua totalidade; sua prática é resultado do saber, do fazer e principalmente do ser, significando um compromisso consigo mesmo, com o aluno, com o conhecimento e com a sociedade e sua transformação” (2004, p. 78).

Segundo MOSQUERA e STOBÄUS (2004, p. 92): “Grande parte dos problemas que as pessoas têm provém de sua própria pessoa ou da relação que estabelece com as outras pessoas”.

Ter boa relação entre professor e aluno é fundamental para garantir uma vida saudável. Quando as relações entre as pessoas são positivas, forma-se um ambiente motivador, de interacção e de troca.

1.2.Clima Escolar

Consiste no conjunto de percepções e expectativas compartilhadas pelos integrantes da comunidade escolar, decorrente das experiências vividas nesse contexto com relação aos seguintes factores inter-relacionados:

·         Normas, objectivos, valores, relações humanas, organização e estruturas física, pedagógica e administrativa que estão presentes na instituição educativa.

·          O clima corresponde às percepções dos docentes, discentes, equipe gestora, funcionários e famílias, a partir de um contexto real comum, portanto, constitui-se por avaliações subjectivas. Refere-se à atmosfera psicossocial de uma escola, sendo que cada uma possui o seu clima próprio.

 

 

 

 

2.      Importância do clima escolar para os professores

A sociedade, de um modo geral, vive dias bastante conturbados onde, muitas vezes, o convívio familiar é prejudicado em virtude da grande carga horária que o trabalho ou a escola ocupa do tempo de seus membros, em decorrência desse factor, muitos valores são deixados de lado. Com isso, nosso aluno, também acaba reflectindo na sala de aula as inevitáveis consequências, e busca no professor alguém com quem confidenciar seus problemas ou que apenas lhe dê um pouco de atenção.

2.1.Relações interpessoais no ambiente escolar

Todas as relações dentro da escola são reflectidas directamente no rendimento do profissional. Ter boas relações com o grupo de trabalho, com direcção, funcionários e com os alunos é fundamental para que o trabalho seja completo e para que o ato de ensinar seja prazeroso. Se alguma dessas relações não estiver equilibrada, faltará motivação e o trabalho ficará prejudicado.

Cumprimentar, ter cordialidade e trocar informações são atitudes diárias muito importantes para a formação e manutenção das relações interpessoais. Devemos estar cientes de que com algumas pessoas estabeleceremos relações de maior ou menor proximidade, mas que seja como for, o respeito com que convivemos com uma ou outra deve ser o mesmo.

Muitas vezes, devido as atribuições do dia-a-dia, esquecemos de empregar valores essenciais para manter as relações com as outras pessoas. Essas atitudes vão tornando as relações mais superficiais e as pessoas vão se distanciando, o que contribui para a falta de estímulo e motivação no trabalho, pois o contacto com o outro traz a segurança de que não estamos sozinhos nessa tarefa nada fácil que é a luta pela educação.

A dinâmica das relações interpessoais nem sempre é positiva, principalmente entre os professores, onde a competitividade e a falta de comunicação prejudica o andamento dos trabalhos. Às vezes, projectos para a melhoria da aprendizagem, da cidadania, deixam de ser realizados por incompatibilidade ideológica entre os diferentes representantes da escola.

Se as relações na escola, de uma forma geral, não estiverem equilibradas, o professor na sala de aula não fará um bom trabalho, e seu relacionamento com os alunos também poderá ficar comprometido.

Na perspectiva de MOSQUERA e STOBÄUS alertam que: “Grande parte dos problemas que um docente enfrenta podem ser provenientes de um ambiente hostil, podendo este se tornar ainda mais hostil quando se trabalha com pessoas diversas” (2004 p.93).

Para manter um bom relacionamento também precisamos entender e respeitar o fato de que as pessoas são diferentes, portanto, pensam e agem, muitas vezes, diferentemente do que gostaríamos.

Quando os professores e supervisores de uma escola relacionam-se bem, há grandes chances de se alcançar uma estrutura forte e funcional nesse meio. É necessário que haja um bom entendimento entre toda a equipe da escola, pois existindo comunicação e respeito tudo funciona melhor: as normas são discutidas, as sugestões dadas pelos colegas são levadas em consideração e todos tentam usar uma mesma linguagem com seus alunos, o que faz com que eles não se sintam perdidos.

3.      Relação professor-aluno

Relações interpessoais positivas entre professor e aluno são fundamentais no processo de aprendizagem. Ambos trocam conhecimento, trocam impressões de realidades, trocam informações e acabam crescendo com isto. Muitas vezes o professor não consegue ter uma boa relação com a turma por pensar que demonstrar afectividade e “manter a disciplina” são actos incompatíveis.

Estabelecer vínculos afectivos, de forma que não comprometam e não modifiquem a postura e a ética profissional é fundamental para o bom funcionamento do trabalho e para que o processo de aprendizagem aconteça de forma prazerosa para o professor e para os alunos.

Para FREIRE: “O clima de respeito que nasce de relações justas, sérias, humildes, generosas, em que a autoridade docente e as liberdades dos alunos se assumem eticamente, autentica o carácter formador do espaço pedagógico” (1996, p. 103).

 Ensinar é trocar informações, é contribuir para a reconstrução de conhecimentos dos alunos e, principalmente, para que cresçam como pessoas.

O estabelecimento de uma boa relação faz com que o professor adquira um grau de intimidade maior, tendo a liberdade para cobrar mais de seu aluno sem ser visto como um professor chato que persegue os estudantes. Os alunos, ao sentirem esse carinho e confiança que foram depositados pelo professor, se esforçarão para não decepcioná-lo.

Estabelecer boas relações com os alunos é o primeiro passo para se obter um bom ambiente de trabalho. Para que as aulas sejam produtivas e interessantes para o aluno, ele precisa sentir-se a vontade com o professor, e isso irá facilitar a construção dos conhecimentos com relação aos conteúdos trabalhados.

O professor, dentro da sala de aula deve sempre primar por um bom relacionamento entre os alunos. As relações interpessoais passam por uma expressão de amor que deve estar baseada no equilíbrio e na compreensão, onde o papel do professor é atender seus alunos com manifestações de afecto sem abrir mão dos limites necessários para que se construa uma dinâmica de respeito a todos que interagem neste grupo. Os alunos precisam ter seus espaços, pois é também na escola que eles aprendem a defender seus argumentos e firmar suas posições.

Alguns professores precisam aprender a ouvir os alunos e juntos buscarem uma solução para que os problemas que ocorrem quotidianamente sejam resolvidos de forma tranquila.

Na perspectiva MOSQUERA e STOBÄUS dizem que: Frequentemente nos custa muito parar para ouvir os outros, estamos muito mais preocupados em que nos ouçam, porém pouco dispostos a ouvir. O ouvir os outros e aprender a vê-los como são realmente é fundamental para as relações interpessoais, em especial para os professores, que devem de estar muito atentos e poder, assim, agir melhor na realidade (2004, p. 97).

O diálogo é a estrada necessária para se chegar ao aluno, pois só mostrando boa vontade, de entendê-lo e respeitá-lo como pessoa humana, se é capaz, de notar a verdadeira identidade do aluno, atrás de sua mascara diária no qual esconde os seus problemas, ansiedades e preocupações, pois o adolescente procura demonstrar, através de palavras e gestos o que sente e o que necessita naquele momento.

Cabe ao professor ajudar o aluno neste processo de crescimento e reconstrução de identidade para se auto-afirmar como ser humano adulto.

Cada aluno tem a sua personalidade, e este factor deve ser levado em consideração. Não podemos trabalhar com uma turma sem saber lidar com as diferenças de cada indivíduo. Segundo

Na Perspectiva de GRILLO: “Todo aluno traz para sala de aula uma história pessoal, com experiências particulares vividas na família, na sociedade, com disposições e condições diversas para realizar seu percurso de estudante, e expectativas diferenciadas com relação a um projecto de vida” (2004, p. 79).

Nessa troca de experiências, onde o professor interage directamente com o aluno, vai se construindo uma relação de confiança, o que contribui para tornar a sala de aula um ambiente agradável e favorável ao aprendizado. As questões pessoais trazidos pelos alunos até o professor, fazem parte de uma relação afectiva e de confiança que o aluno tem com o professor.

A primeira relação que deve ser estabelecida em uma sala de aula é a de respeito e este se manifesta quando há um ambiente de trocas, onde cada um tem o seu espaço. Muitos professores ainda apresentam uma postura muito tradicional, e passam para os alunos a imagem de ser o centro do poder, e que eles são apenas coadjuvantes no processo da aprendizagem.

Esses professores pensam que ensinar significa apenas “passar” conhecimentos, sendo assim, eles acabam tendo dificuldades em lidar com os alunos.

Para FREIRE (1996, p. 104): “A autoridade docente mandonista, rígida, não conta com nenhuma criatividade do educando. Não faz parte de sua forma de ser , esperar, sequer, que o educando revele o gosto de aventurar-se.”

Considerar os conhecimentos prévios dos alunos e estimular sua participação nas discussões e conversas nas aulas é um acto de respeito e faz com que o aluno sinta segurança e confiança no professor e em si próprio. A relação professor-aluno precisa ser franca.

É importante que o aluno não sinta vergonha ou medo de falar com o professor sobre suas dificuldades. Se o professor reparar que os alunos sentem-se intimidados na sua presença, é importante que faça uma reflexão sobre seu trabalho em sala de aula. O aluno costuma relacionar de forma directa a disciplina com o professor, portanto se ele não gosta ou não tem afinidade como professor, seu desempenho na disciplina também pode ficar comprometido e isso pode contribuir para o fracasso de sua aprendizagem.

Outro factor que deve ser pensado é que deve considerar as divergências de ideias que podem surgir durante as discussões e troca de opiniões, como ponto de partida para a reconstrução de conhecimentos e para o crescimento pessoal tanto dos alunos como do professor.

Segundo FREIRE (1996): “Ensinar exige querer bem o aluno, não significa que o professor é obrigado a ter o mesmo sentimento por todos alunos, significa que o educador deve ter afectividade pelo aluno sem medo de expressá-la”.

Mesmo que o professor não simpatize com algum aluno, durante os trabalhos essas divergências devem ser esquecidas. O profissional tem a obrigação ética de primar pela qualidade e seriedade de seu trabalho.

Todos os dias nos deparamos em nossa prática pedagógica com dilemas difíceis de serem resolvidos.

Na visão PERRENOUD (1995) levanta algumas dúvidas em torno do avançar no conteúdo programático ou dar atenção às necessidades do aluno e do impor um modelo de trabalho ou negociar para conseguir uma adesão.

Devemos passar de meros transmissores de saberes, propondo problemas que falem do cotidiano dos alunos, construindo práticas que levem em consideração as concepções prévias dos estudantes.

Estabelecendo um ambiente de tolerância e diálogo (YUS, 1998):
Cabe ao professor orientar seus alunos sobre a importância da comunicação no processo de ensino-aprendizagem. Deve disponibilizar espaços para debates em sala de aula com o intuito de estimular o aluno a construir suas argumentações. É importante que o professor passe segurança ao aluno, que um sentimento de confiança, amizade e respeito mútuos seja estabelecido, pois dessa forma o aluno se sentirá mais à vontade, tornando a aprendizagem facilitada.

4.      Motivação e aprendizagem

As relações interpessoais ocorrem no contexto da escola e da sala de aula, na medida em que encontramos professores que realmente exercem seu trabalho com comprometimento e amor.Estes professores conseguem facilmente ter afinidade com seus alunos e turmas, formandovínculos afectivos e, em consequência disso, até motivando e incentivando melhor a aprendizagem da turma. (MOSQUERA:2004)

O professor precisa acreditar no aluno, considerá-lo capaz de construir suas próprias ideias e expressá-las. Para que a aprendizagem ocorra de maneira eficaz o aluno precisa receber atenção e sentir-se motivado, precisa saber que é importante para o grupo, que é importante como cidadão.

Quando há motivação e formação de vínculo entre aluno e professor o ambiente de sala de aula passa a ser um espaço de criação e diálogo, os alunos tornam-se agentes participativos e as relações interpessoais na turma passam a ser de confiança.

Um dos principais problemas que tem se notado na prática docente é a falta de vontade e ânimo do professor em querer sentir o seu aluno, em querer descobrir quem ele é, qual a sua realidade e quais são as suas necessidades. Esta falta de preocupação ocasiona um enorme precipício entre as partes, fazendo com que os alunos não se aceitem na escola por achar uma enorme perda de tempo.

Afinal, ela estaria desvinculada de sua realidade. O professor deve assumir seu papel de mediador no processo de ensino e aprendizagem, auxiliando o aluno na construção de conceitos e na busca de estratégias para a resolução das situações apresentadas, para que o conhecimento adquirido possa ser socializado e aplicado em todas as situações de suas vidas.

Precisa abrir-se para uma concepção de educação dinâmica e ética, que contemple a realidade social, política, económica, ecológica e transcendente, preparando os estudantes para um presente/futuro real, sem esquecer do passado histórico e cultural, proporcionando-lhes uma formação intelectual de acordo com as necessidades da sociedade na qual vivem e viverão, pois ao perceber, pensar e agir sobre o meio que o cerca, sentindo-se parte dele, o educando assume um pacto responsável com o presente e com o futuro da civilização e do planeta.

5.      Características de um clima escolar adequado

5.1.Escolas que possuem clima escolar positivo apresentam:

·         Bons relacionamentos interpessoais;

·          Um ambiente de cuidado e confiança;

·          Um ambiente de estímulo e de apoio – centrado no aluno;

·          Qualidade no processo de ensino e aprendizagem;

·         Espaços de participação e de resolução dialógica dos conflitos;

·         Proximidade dos pais e da comunidade • uma boa comunicação;

·         Senso de justiça (as regras são necessárias e obedecidas e as sanções são justas);

·         Indivíduos que se sentem seguros, apoiados, engajados, pertencentes à escola e respeitosamente desafiados.

6.      Influência do clima escolar

Na aprendizagem dos alunos

A autoconfiança para realizar o trabalho escolar • a motivação • as aprendizagens e ao rendimento escolar • a atitude face à utilidade dos estudos • a identificação com a escola • ao desenvolvimento emocional e social dos alunos

Na perspectiva de MORAIS, MORO et al. (2016) - Revisão de pesquisas nacionais e internacionais, publicadas entre os períodos de 2000 a 2015 - nessas pesquisas foi confirmado a relação entre um clima escolar positivo e maior desempenho Outros estudos indicam que:

·         O sentimento de pertencimento elevado em uma escola está associado a melhores resultados académicos;

·          Os alunos que se sentem pertencentes aprendem mais, têm maiores responsabilidades, participam mais e são mais motivados, uma vez que se sentem valorizados e percebem que seus professores estão fortemente conectados à comunidade escolar;

·         A boa qualidade do clima escolar está associada a baixo nível de absenteísmo e evasão escolar – aumento da permanência.

7.      Factores intra e extra-escolares e o clima escolar

Nos últimos anos, tem crescido os interesses pelos estudos dos factores associados ao desempenho escolar, tanto por parte de instituições, como por pesquisadores e educadores imersos na gestão da escola.

Dentre os factores mais importantes, destaca-se de um lado, o ambiente familiar, os mecanismos que avaliam os recursos económicos e financeiros da escola, o tempo dedicado pelos pais e responsáveis ao acompanhamento escolar dos filhos, e a transmissão de valores a seus filhos (CHEVALIER, 2004; PONCZEK, 2010).

De outro lado, factores usualmente citados como importantes para a consolidação do ambiente escolar são a qualidade dos professores, as normas organizacionais, infra-estrutura, orçamento e convivência entre directores professores e alunos.

Na perspectiva de HANUSHEK, GLEWWE e KREMER (2006), Um dos estudos pioneiros sobre factores associados ao sucesso escolar foi o relatório "Igualdade de oportunidades educacionais", elaborado por Coleman (1966), em que o autor assinalou que as diferenças de desempenho escolar eram explicadas, em maior medida, pelas variáveis socioeconómicas dos alunos e suas famílias, do que pelas variáveis intraescolares.

Outros trabalhos realizados apresentaram resultados que, em linhas gerais, eram compatíveis com os de Coleman (Relatório Plowden (PLOWDEN, 1967) e Relatório Forquin (FORQUIN, 1995).

Estas pesquisas foram bastante criticadas devido a seus aspectos técnicos e das derivações políticas que acarretavam. Do ponto de vista técnico, os críticos apontavam o problema dos instrumentos inadequados para a mensuração das variáveis intraescolares.

Em relação às políticas de educação, as criticas centravam-se nas políticas que eram compensatórias, isto é, políticas com acções dirigidas a grupos específicos excluídos pelas condições económicas, culturais e geográficas, no sentido de assegurar a estes a igualdade de acesso à educação. Assim, estas 4 apenas seriam novos instrumentos de reafirmação de certas culturas, em detrimento de outras (BONAMINO e FRANCO, 1998).

Seguindo uma linha de novos estudos da educação voltados aos resultados das escolas, surgem na década de 70, nos Estados Unidos e Inglaterra, pesquisas que mostram que apesar da importância do background familiar dos alunos para explicar o sucesso escolar, as escolas não podiam deixar de lado as suas características sociais e culturais (Brookover, 1979).

Estas pesquisas passaram a valorizar e concentrar os estudos nas práticas internas, estimulando o desenvolvimento de um entendimento mais preciso da sala de aula. Seus resultados, amplamente difundidos no cenário internacional, constataram que apesar do background familiar dos alunos serem condicionantes importantes dos níveis de desempenho, as escolas em circunstâncias sociais semelhantes poderiam atingir níveis de progressos educacionais muito diferentes. A aprendizagem não é uniforme, ela varia conforme as características dos alunos, mas também em função da organização escolar e das práticas pedagógicas.

 

 

 

 

Conclusão

Para convivermos bem com as pessoas é preciso demonstrar afectividade e a escola, juntamente com a família, é a base da construção de valores. O contexto escolar tem um papel essencial na vida de cada aluno que vai a escola em busca do que muitas vezes não tem em casa: amor, carinho, amizade, consideração entre outros sentimentos.

Para que haja uma aproximação é preciso que o professor conquiste o aluno. Essa conquista acontecerá através do incentivo e da demonstração dos sentimentos citados acima, pois depositando afeto no aluno, estaremos motivando-o a construir e alcançar seus projectos de vida.

Todos os dias nos deparamos em nossa prática pedagógica com dilemas difíceis de serem resolvidos. Devemos passar de meros transmissores de saberes, propondo problemas que falem do cotidiano dos alunos, construindo práticas que levem em consideração as concepções prévias dos estudantes. Estabelecendo um ambiente de tolerância e diálogo.

Quando pensamos na importância das relações interpessoais, não podemos restringir somente para o âmbito da sala de aula. Em qualquer ambiente de trabalho as relações precisam ser positivas para um bom rendimento do profissional. Nas escolas, em decorrência de muitos problemas existentes na educação, muitas vezes, o que encontramos são professores e funcionários desgastados e estressados. Esses factores podem tornar as relações entre as pessoas superficiais e gerar um afastamento entre os próprios colegas de trabalho. Se as relações na escola, de uma forma geral, não estiverem boas, o professor na sala de aula não fará um bom trabalho, e seu relacionamento com os alunos também poderá ficar comprometido.

 

 

 

 

 

 

Referências bibliográficas

ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. 19. ed. São Paulo: Cortez, 1987. 88p.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 18 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

GRILLO, M. O professor e a docência: o encontro com o aluno. In: ENRICONE, D. (Org.) Ser professor. 4. ed. Porto Alegre : EDIPUCRS, 2004. p. 73-89.

MOSQUERA, J. J. M.; STOBÄUS, C. D. O professor, personalidade saudável e relações interpessoais: por uma educação da afectividade. In: ENRICONE, D. (Org.). Ser professor. 4. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. p. 91-107.

NÓVOA, A. Os professores na virada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza das práticas. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 11-20, jan./jun. 1999.

PERRENOUD, P. Ofício de aluno e sentido do trabalho escolar. Porto: Porto Editora, 1995.

 

 

 

 


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