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Falhas do Mercado

Introdução

O direito económico tem início com a queda da Bolsa de 1929 que obrigou o Estado a interferir na economia, pondo fim ao “laissez faire”, quando ocorreu definitivamente a passagem do liberalismo com isso pressente trabalho tem como tema: Falhas do Mercado.

Uma falha de mercado pode ocorrer em uma série de situações diferentes. Na maioria das vezes, essa situação irá conceder vantagens para alguns e causar prejuízos para a maioria. Porém, o fato do mercado não ser perfeito não invalida a sua utilidade. Na verdade, essa questão apenas reforça a ideia que de devem existir, em alguns momentos, alguma força que oriente seu funcionamento para a direcção certa. O mesmo tem como objectivos:

Objectivos

Geral:

·         Compreender o processo de falha de mercado no contexto da microeconomia.

Específicos:

·         Caracterizar o mercado e seus respectivos tipos de mercado;

·         Descrever a falhado mercado; e

·         Diferenciar o poder do mercado.

Para a elaboração do trabalho recorreu se a consulta de obras de autores que estão citados ao longo do trabalho. A metodologia privilegiada foi a de consulta bibliográfica, revisão, análise e compilação na realização do trabalho, assim sendo não se considera acabado posto que o contributo dos demais leitores e da docente fará dele mas enriquecido.

 

 

 

 

 

 

 

1.      Conceitos básicos

1.1.Falhas

Um sistema falha quando ele deixa de desempenhar a função para o   qual   ele   foi   projectado . Quando existe uma parada total como um motor parando de funcionar, uma estrutura desabando ou uma peça de equipamento quebrando o sistema claramente falhou.

As falhas podem ser:

·         Falha (tecnologia) - defeito ou condição anormal que pode ocorrer em um sistema e impedir o seu bom funcionamento.

·         Falha geológica - em geologia, diz-se da superfície de uma estrutura rochosa em que se observa a ocorrência de uma fractura, com deslocamento relativo do(s) bloco(s) ali formado(s). (  https://pt.wikipedia.org/wiki/Falha) acesso no dia 27 de Maio de 2020

1.2.Mercado

Mercado deve ser entendido como o “local” em que operam as forças da oferta e demanda, através de vendedores e compradores, de tal forma que ocorra a transferência de propriedade da mercadoria através de operações de compra e venda.

Também pode ser definido Mercado: Local onde ocorrem as trocas e transacções e onde são formadas, consolidadas ou alteradas as percepções sobre algo.

1.3.Falhas do mercado

Falha de mercado é a situação económica onde um mercado não consegue produzir uma alocação natural que seja eficiente. Ou seja, nesses casos, as transacções do mercado acabam gerando mais efeitos negativos para todos do que satisfazendo individualmente os ofertantes e os demandantes.

 

 

 

 

 

2.      Falhas do Mercado

Existem cinco (05 ) falhas de mercado, evidenciadas após o crash de 1929, que passaram a exigir a intervenção directa do Estado:

·         Falha da Mobilidade dos Factores

Existia a crença de que o preço sinalizaria a produção (trabalho, capitais e bens). A mobilidade, contudo, era uma ficção, pois, mesmo com o excesso de produção de café e com os preços caindo, os fazendeiros não desistiam do seu produto cafeeiro, o que gerava uma diminuição ainda maior dos preços.

·         Falha do acesso às informações relevantes ou à assimetria das informações

Os agentes económicos imaginavam que os preços traziam informações fundamentais que permitiam decisões de investimento, aquisição e consumo. Mas esta era uma ideia equivocada, pois os produtores eram sigilosos em relação às suas commodities. Para dar transparência aos consumidores, o Estado passou a exigir informações relevantes (produtos, empreendimentos e transacções ocorridas), produzindo uma vasta legislação societária e de defesa do consumidor, para a publicitação da actividade do empresário, visando corrigir o defeito da assimetria de informações do mercado.

·         Falha da Concentração Económica

Um fenómeno natural é a aquisição dos concorrentes, podendo gerar concentração benéfica ou maléfica do mercado. No lugar de uma concentração atomizada (vários agentes) ocorria a concentrada oligopolizante (monopólio: único produto e monopsónio: único comprador).

·         Falha das Externalidades (falha de sinal)

Nas actividades de produção, raramente todos os custos e benefícios recaem sobre a unidade responsável pela sua elaboração. Externalidades podem ser definidas como custos ou benefícios não compensados pecuniariamente, isto é, não transferidos pelo preço.

O efeito externo ao mercado verifica-se quando o arcabouço legal mostra-se incapaz de identificar e atribuir tais custos adequadamente. Existem dois (02) tipos de externalidades:

a)      Negativa: custos imputados a outras pessoas e não a quem efectivamente os produz. Para produzir um determinado bem pode se produzir muita poluição que geraria problemas de saúde. O custo da poluição deve ser alocado ao empreendedor sob pena de recair em terceiros (saúde pública). Assim, o preço do bem fica mais barato do que deveria ser pois gera um custo social maior.

b)      Positiva: benefícios imputados a outras pessoas. O Estado deve garantir que quem gerou benefício económico seja recompensado. Um exemplo é a contribuição de melhoria que recupera a valorização imobiliária de uma região.

·         Falha da Produção dos Bens Colectivos

Uma vez produzidos, permitem que qualquer pessoa possa usufruí-los. São bens aptos ao atendimento simultâneo das necessidades de uma colectividade para os quais não vigoram o princípio da exclusão no ato do seu uso ou consumo.

3.      Poder de mercado

3.1.Monopólio

Monopólio ocorre quando existe apenas um vendedor ou fabricante no mercado, sendo a única opção do comprador. Assim, esse vendedor pode definir preços e qualidade dos produtos e serviços como quiser, porque não tem concorrência para tomar o mercado.

3.2.Concorrência monopolística

Na concorrência monopolística há bastantes produtores, porém um número limitado de fornecedores. Como por exemplo editoras de livros. Esses mercados não produzem bem-estar máximo, gerando falhas de mercado. Os produtos são o mesmo no geral, mas tem diferenciais que influenciam na escolha dos compradores.

3.3.Oligopólio

Oligopólio, semelhante a monopólio, é quando há apenas poucos vendedores no mercado. Eles podem se reunir e formar cartéis e controlar o mercado e os preços como quiserem. Além disso, a entrada de novos vendedores no mercado se torna difícil, principalmente quando eles planegam Dumping.

3.4.Monopsónio

Monopsónio ocorre quando existe apenas um comprador num mercado e muitos fornecedores. Um exemplo é uma cidade de muitos artesãos onde há apenas uma empresa transportadora local, que vende os produtos para outras cidades.

Nesse caso, o comprador único pode oferecer preços baixos porque existe uma abundância de produtos à venda.

3.5.Externalidades

Quando uma acção produzida por uma pessoa afecta outras pessoas. Há externalidades positivas e negativas. Um exemplo de positiva é pesquisa científica que salvará milhões de pessoas e externalidades negativas variam de latido de cão que incomoda os vizinhos até a corrupção.

3.6.Bens públicos

São os bens fornecidos pela entidade, agente económico o Estado. Bens não exclusivos, onde todos os indivíduos podem usufrui-los.

4.      Falhas do Mercado de acordo com vários autores

As relações entre os agentes económicos são complexas na medida em que são imperfeitas e podem gerar impactos à colectividade.

 Na perspectiva de SALGADO, “n a presença de falhas, os mercados não fornecem sinais suficientes para garantir escolhas adequadas, que levem ao equilíbrio entre ofertantes e demandantes. O grande desafio para a regulação económica é encontrar o ponto óptimo”.

Desta maneira, brevemente, apontam-se as possíveis falhas oriundas do mercado e que levantam a possibilidade de correcção por parte do Estado.

Assimetria de informação: a maioria dos autores assume que as informações são distribuídas de maneira desigual, ou assimétrica, entre os agentes. Nesse sentido, os principais problemas que surgem são:

(i)                 O risco moral (moral hazard) e

(ii)               A selecção adversa.

O primeiro diz respeito à possibilidade de um agente económico mudar seu comportamento de modo a tentar burlar a regra do jogo (Ex: contratação de seguros, cartel etc.). O segundo decorre da possibilidade de um agente ocultar ou distorcer uma informação. Assim, o preço na troca fica acima do óptimo desejável (Ex: mercado de carros usados, crédito bancário etc.)

·         Bens Públicos: trata-se de bens com característica de não-rivalidade, o que faz com que o consumo de uma unidade pela “pessoa X” não reduza o consumo de uma unidade pela “pessoa Y”. Ou seja, o custo de fornecer o bem público para um consumidor adicional é zero. Da mesma forma, os bens públicos possuem a característica de não-exclusividade, o que significa dizer que o consumo de uma unidade pela “pessoa X” não torna o bem exclusivo e inacessível para a “pessoa Y”. Portanto, como os bens públicos possuem essas características, não há motivação para investimento privado por conta dos free-riders, ou caronas. Exemplos: praça pública, iluminação pública, protecção policial, defesa nacional.

·         Externalidades: trata-se de um efeito, ora positivo, ora negativo, gerado pela decisão de um agente económico. Assim, pode-se ter a existência de free-riders que apropriam benefícios sem pagar por isso.

Conforme MANKIW, "uma externalidade surge quando uma pessoa se dedica a uma acção que provoca impacto no bem-estar de terceiro que não participa dessa acção, sem pagar nem receber nenhuma compensação por esse impacto”.

Exemplos conhecidos de externalidades são:

·         A emissão de materiais poluentes (negativa);

·          Novas tecnologias (positivas);

·          Desvalorização de imóveis (positivas ou negativas).

4.1.Poder de Mercado: conforme o Merger Guidelines

Poder de mercado é “a capacidade de manter lucrativamente os preços acima dos níveis competitivos por um período de tempo significativo”, onde “vendedores com poder de mercado podem também restringir a concorrência em outras dimensões além do preço, tais como qualidade do produto, serviços ou inovações”.

O abuso de poder de mercado pode originar um monopólio, implicando em uma ineficiência locativa grave. Ou seja, essa estrutura resulta em preços elevados, menor qualidade, menos variedade de produtos e produção abaixo do óptimo socialmente desejável.

Condutas Anticompetitivas: é importante frisar que o abuso de poder de mercado pode ser seguido por diversas condutas anticompetitivas, que visam tão-somente prejudicar senão eliminar os demais concorrentes. Evitar o abuso de Poder de Mercado que decorre da formação de estruturas monopolizadas/oligopolizadas.

·         Monopólios Naturais: existem situações em que se torna mais eficiente, em termos locativos, quando há apenas um player estabelecido em determinado mercado. As economias de escala e escopo estão presentes em sectores que requerem alto investimento antes de existir.

5.      Falhas de Governo

Por outro lado, há vezes em que a regulação dos mercados gera uma alocação menos eficiente do que se imaginava. Nesse caso, pode-se discutir as limitações técnicas da regulação, bem como o conflito de interesses eventualmente gerado, no que a teoria económica denomina “Falhas de Governo”.

5.1.Mercado de Concorrência Imperfeita

Em Economia, o termo mercado de concorrência imperfeita descreve um tipo de estrutura de mercado no qual a organização está inserida. Dividido entre concorrência perfeita e imperfeita, a diferença primordial entre essas duas vertentes é a capacidade de controlar o preço da lei de mercado.

O mercado característico da concorrência imperfeita é aquele que caracteriza-se pela grande possibilidade de os vendedores influenciarem a procura e os preços por meios de diferenciação dos produtos, propaganda, maior valor agregado, marca, etc. Ou seja, nesse tipo de estrutura de mercado existe pelo menos uma empresa ou consumidor com poder suficiente para influenciar o preço do mercado. Ele é subdividido em:

·         Concorrência Monopolista ou Monopolizadora;

·         Oligopólio;

·         Monopólio.

 

 

 

 

Conclusão

A economia de mercado é o melhor mecanismo para alocar recursos e organizar a actividade económica da forma mais eficiente possível. Porém, nem todo esse funcionamento é perfeito. Algumas vezes, a livre interacção entre agentes económicos produz distorções que causam mais efeitos negativos do que positivos. Segundo a microeconomia, esse evento é chamado de falha de mercado.

Na economia, a falha de mercado é uma situação na qual a alocação de bens e serviços por um mercado livre não é eficiente, frequentemente levando a uma perda líquida de bem-estar social. Os fracassos do mercado podem ser vistos como cenários em que a busca individual de puro interesse próprio leva a resultados que não são eficientes - que podem ser melhorados do ponto de vista da sociedade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referência bibliográfica

FIANI, R. Teoria da Regulação Económica: Estado Actual e Perspectivas Futuras.

MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia. São Paulo: Cengage Learning, 2009.

SALGADO, Lúcia Helena. Agências regulatórias na experiência brasileira: um panorama do actual desenho institucional. Rio de Janeiro, 2003.

STIGLER, G. The theory of economic regulation. In: Joskow, P.L. Economic regulation. Elgar. 2000.

TEIXEIRA, Aloísio. Mercado e imperfeições de mercado: o caso da assistência suplementar.2001.

 


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